UFRRJ e Incra trabalham na regularização fundiária da Fazenda Nacional de Santa Cruz

Antiga sede da FNSC, hoje Batalhão Escola de Engenharia do Exército Brasileiro, na Praça Ruão, n° 35 – Santa Cruz – RJ. (Foto: Autoria desconhecida)

Desde março de 2022, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) trabalham no projeto de regularização fundiária da área remanescente da Fazenda Nacional de Santa Cruz (FNSC),  viabilizado a partir da assinatura de um Termo de Execução Descentralizado (TED).

Por meio do projeto coordenado pelos docentes João Gonçalves Bahia e Luiz Guimarães Barbosa, do Departamento de Engenharia no Instituto de Tecnologia (IT/UFRRJ), e Victor Hugo Fernandes, do Colégio Técnico da UFRRJ, cabe à Universidade executar o georreferenciamento da Fazenda, identificar as áreas que possuem Registro Geral de Imóveis (RGI) e orientar à população para que as áreas de posse sejam titularizadas. 

A equipe do projeto é composta por docentes, técnicos-administrativos, discentes de doutorado, mestrado, graduação, pós-médio e médio da UFRRJ, além de advogados e ex-funcionários do Incra.

Laboratório de Geodésia Sandra Sanches (GeoCTUR), criado e equipado para atender as atividades do projeto, localizado no Colégio Técnico da UFRRJ (Foto: Victor Hugo)

Laboratório de Geodésia e Cadastro Técnico (Lagec), um dos laboratórios de pesquisas do projeto, localizado ao lado do prédio de Zootecnia da UFRRJ (Foto: Victor Hugo)

O processo passo a passo

Os docentes da UFRRJ, João Gonçalves Bahia, Luiz Guimarães Barbosa e Victor Hugo Fernandes, explicam que, nos Núcleos Coloniais e nos Projetos Integrados de Colonização (PIC), o Incra fazia o parcelamento e vendia os lotes para os ocupantes em prestações e estes tinham um tempo para pagar. Era gerado um documento chamado Título Definitivo para controle do cumprimento de cláusulas resolutivas. Após o cumprimento destas cláusulas, emitia-se um documento de quitação e outro de liberação das cláusulas resolutivas e, só assim, era possível a transferência da área para o nome do ocupante no cartório, gerando a matrícula – documento que comprova de forma definitiva quem é o dono da terra. 

Em 2023, ainda existem ocupantes que cumpriram com todas as cláusulas, mas que não transferiram a terra para seu nome. Neste caso, os professores destacam que o trabalho é de orientação: pessoas nesta situação precisam ir ao cartório para efetuar o registro da parcela em seu nome. Caso o ocupante não tenha feito o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a equipe do projeto realiza o cadastro. Nos casos em que não há o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) ou se o mesmo está desatualizado, a equipe solicita que o responsável vá ao setor de cadastro de CCIR da Prefeitura do Município em que o imóvel está localizado. 

Já nas áreas em que não houve colonização feito pelo Incra, os docentes explicam que a equipe vai em cada propriedade em busca de documentos para verificar se a área ainda pertence ao Instituto. Caso a área não tenha matrícula, faz-se uma busca no acervo do Incra para verificar se a mesma, em algum momento, foi vendida. 

“Muitas vezes o proprietário não tem a matrícula, mas sua área há muito tempo já foi vendida, neste caso existe um proprietário que tem o domínio pleno da área, mas perante o cartório ainda está no nome do Incra. Esta área também é mensurada para que o atual ocupante possa regularizá-la no Cartório. Agora, caso a área ainda pertença ao Incra, é feito todo o procedimento pelas equipes do TED para que possa se regularizar”, explica o professor Victor Hugo Fernandes, que complementa: “Existe também o caso de o proprietário ter a matrícula, mas a área é foreira, aí verifica-se na certidão da matrícula se o foro já foi remido, caso ainda não tenha sido remido, a área ainda tem uma parcela que pertence ao Incra e, neste caso, a equipe tem que fazer todo o procedimento para que o foreiro possa ter o domínio pleno de sua área”. 

O trabalho desenvolvido no projeto de regularização fundiária da área remanescente da Fazenda Nacional de Santa Cruz é gratuito e os professores da UFRRJ alertam que a população deve ficar atenta a possíveis golpes: “Qualquer pessoa que chegar em nome da Universidade Rural ou do projeto solicitando pagamento, a orientação é contatar a polícia, pois trata-se de uma tentativa de golpe”, destaca o professor João Gonçalves Bahia.

Saiba mais: 

A importância do georreferenciamento

A Lei 10.267/01 tornou obrigatório o georreferenciamento do imóvel rural para possibilitar mudanças de titularidade, modificação de área, alteração de matrículas, etc. Para atendê-la, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) exige que o georreferenciamento seja executado em todas as propriedades rurais, para obter as características, limites e confrontações através de memorial descritivo executado por profissional habilitado. 

Equipe em campo para realizar georreferenciamento de uma área rural (Foto: Victor Hugo)

Breve história da Fazenda Nacional de Santa Cruz (FNSC)

A Fazenda Imperial de Santa Cruz foi uma sesmaria fundada por Cristóvão Monteiro em 1567 nos arredores da cidade do Rio de Janeiro. Ao morrer Cristóvão Monteiro, a sua esposa, dona Marquesa Ferreira, doou aos padres da Companhia de Jesus sua parte das terras.

Diante da expulsão dos Jesuítas dos domínios de Portugal e suas colônias, em 1759 por ação do Marquês de Pombal, o patrimônio da Companhia de Jesus (e a Fazenda Santa Cruz) foi revertido para a Coroa Portuguesa e, posteriormente, para a Família Real.

No fim do Império grande parte da fazenda já estava ocupada por posseiros com a existências de vários núcleos urbanos. Com a proclamação da República, as terras foram incorporadas ao patrimônio da União e o imóvel passou a se chamar Fazenda Nacional Santa Cruz. Atualmente, a Fazenda cobre partes dos municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí, Seropédica, Paracambi, Japeri, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Piraí e Rio Claro.

Leia também:

10/01/2022 – Parceria da UFRRJ com Incra realizará georreferenciamento da Fazenda de Santa Cruz

25/03/2022 – UFRRJ e Incra firmam parceria para regularização fundiária da Fazenda Nacional de Santa Cruz

10/05/2022 – Cooperação entre Incra e UFRRJ permite ações de governança fundiária na Fazenda Nacional Santa Cruz

11/05/2022 – UFRRJ e Incra apresentam ações do acordo de cooperação técnica

29/05/2023 – Equipe executiva do projeto de regularização fundiária da Fazenda Nacional de Santa Cruz se reúne com reitor

Texto: Carolina Domard e Gabriela Camargo Soares, bolsistas de Jornalismo, sob a supervisão da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ). 

Postado em 11/08/2023 - 10:34

Últimas Notícias

CCS/UFRRJ participa de Cogecom Sudeste para aprimorar Divulgação Científica

A Coordenadoria de Comunicação Social da UFRRJ esteve presente no Cogecom Sudeste – Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades leia mais

16/04/2024

UFRRJ inicia debates sobre a Política de Comunicação da Universidade

A UFRRJ, através da sua Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), deu início aos debates sobre a construção da Política de leia mais

19/03/2024

Pesquisadores da UFRRJ localizam planta típica da Caatinga no litoral de Saquarema (RJ)

Adaptação da espécie na costa sudeste do Brasil pode representar risco para o ecossistema de restinga Popularmente conhecida como rabo-de-calango, leia mais

14/09/2023

Registro inédito: Câmpus da UFRRJ em Seropédica abriga espécie de peixe ameaçado de extinção

Descoberta foi feita por cientistas da Universidade que identificaram três novos locais de ocorrência do ‘Notholebias minimus’ no estado do leia mais

22/08/2023

UFRRJ e Incra trabalham na regularização fundiária da Fazenda Nacional de Santa Cruz

Desde março de 2022, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e o Instituto Nacional de Colonização e leia mais

11/08/2023

Basta de retrocessos

Pela recomposição dos orçamentos das Universidades Federais e da Ciência brasileira Inadmissível, incompreensível e injustificável o corte orçamentário de mais leia mais

30/05/2022

mais notícias

Pular para o conteúdo